sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Foi o que restou...

Por Alinê Brandet







' Senti a agonia e um grande aperto no peito ao ver aquela maldita passagem. Senti todas as chances correrem na direção contrária e uma voz gritar no meu ouvido - Agora não tem volta!Uma risada gélida, um último suspiro.
Prometi a mim, que seria a última vez que faria algo contra a vontade... Sentia nojo do meu sorriso, da falsa alegria, mas enxergava seus olhos, felizes pela primeira vez em semanas. E senti vergonha de mim...
Ao chegar naquela casa, já previ um grande incidente.
Reforçando o pensamento - Sorria e seja educada, afinal já és a vergonha da família.
Entramos então, após horas de conversa, senti o alívio de não ter sido nenhum dos assuntos...
Já era hora de partir e nada mais poderia dar errado, a não ser pela chuva lá fora... Que nos fez ficar, enfim, as palavras desgraçadas chegaram ao meu ouvido...
Sim, eu não poderia passar despercebida, começaram então, a discutir minha profissão, minhas escolhas, minha aparência...
Sentia o sangue ferver e uma raiva transbordar em mim.
Sim, o rosto continuava intacto, o rosto da bonequinha educada, até que a boa educação começou a perder para a indignação.
Já podia sentir a áspera resposta nos lábios, pronta para esfaquear aquela senhora e dar lhe o que queria, a revelação da porcelana em lixo...
Por fim, a boneca quebrou, senti o doce gosto de responder educadamente, porém com irritação e impaciência.
Meio a meio...
Os olhos dela de quem não tem o que dizer, e os meus cheios de arrogancia e pretensão.
Então suspirei, insisti para que fossemos embora, pois a chuva não passaria...
Saímos, sem nenhuma palavra de reprovação e um sorriso de quem tem orgulho da própria filha.
Afinal, descobri muitas coisas em mim... Infelizmente, nada que preste. '

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