Estou atrasada, sempre estive. Parece um vício, um mal hábito ou a simples fascinação pela distração...
O relógio cinco minutos adiantado não me engana, e começar as coisas duas horas antes não adianta... Eu me distraio facilmente, como uma criança em uma loja de brinquedos.Estive atrasada, porque estive pensando... Penso demais, penso em tudo.
Não há restrições, quanta bobagem se pode pensar ao escovar os dentes, e posso prolongar esse momento por muitos minutos.
Penso que preciso estudar, que meu cabelo está crescendo e preciso pinta-lo, penso na casa, na separação, na vida nova que ela trará. Penso nas minhas vontades...
Senti uma vontade enorme de sentar e compor uma música para alguém especial, tocada bobamente no violão. Peguei o telefone para um pedido de desculpas e disquei muitas vezes, nunca deixei chamar... Pensei em escrever e cá estou eu.
Senti vontade de ficar sozinha e fiquei, quis mandar alguém embora. Rejeitei pedidos, evitei perguntas, mas chorei, no fim um rio de lágrimas...
Sempre atrasada para os gritos, para as desculpas, eu espero, as vezes, tempo demais para tomar atitudes, penso demais.
Fico calada a maior parte do tempo, no geral guardo meus pensamentos para mim. Não vejo motivo para dissemina-los.
Mas falo bastante, falo besteiras, conto piadas, xingo, grito e bato o pé. Tudo para evitar a minha boa educação e o sentimentalismo. Prefiro despedidas breves, assim não precisa me ver chorar quando for embora. Gosto das coisas práticas, odeio dizer que sinto saudade de algo ou alguém.
E desde quando me tornei tão fechada?
Estou atrasada até para as minhas próprias decisões.
Mas descobri que posso testar a paciência das pessoas, e que mesmo atrasada, eu sempre chego no momento certo.
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